Um Descaso na Educação
- CRISTTIANO ALVEZ
- 5 de jun. de 2024
- 3 min de leitura
Atualizado: 11 de jun. de 2024
A cidade de Mirangaba, situada no estado da Bahia, está enfrentando mais um exemplo de descaso na área da educação. No ano anterior, foi publicada uma portaria que faz parte do ordenamento jurídico do município, delegando a implantação de escolas em período integral para todos os alunos de todas as escolas. Embora essa iniciativa pareça promissora, a realidade é bem diferente.
A gestão da educação, conduzida pela Secretária de Educação e pelo Prefeito, tem se mostrado irresponsável e ineficiente. Atualmente, apenas as creches estão operando em período integral, enquanto as escolas regulares sequer foram preparadas para essa modalidade de ensino.
O Ensino de Jovens e Adultos (EJA) também está sofrendo com a falta de funcionamento adequado na sua maioria, prejudicando a qualidade da educação oferecida, por falta de infraestrutura entre outros.
Recentemente, os recursos destinados ao município de Mirangaba dobraram devido à inserção de dados no censo escolar, o que deveria refletir em melhorias significativas na educação local. No entanto, a realidade é preocupante: apesar do aumento substancial de verbas, as escolas não estão funcionando em período integral, como declarado no censo. Este descaso evidencia uma grave discrepância entre os dados reportados e a realidade vivenciada pelos alunos, levantando questões sobre a gestão e a aplicação desses recursos, e destacando a necessidade urgente de transparência e responsabilidade na administração pública para garantir uma educação de qualidade.
A gestão atual em Mirangaba tem superlotado as escolas, tratando a educação como um cabide eleitoral, o que compromete a qualidade do ensino e evidencia a necessidade urgente de um concurso público. Tal medida garantiria segurança jurídica aos profissionais da educação e evitaria a utilização de cargos como moeda de troca política. Esse abuso de poder econômico é ainda mais alarmante considerando que o ano eleitoral começou em 1º de janeiro de 2024. A falta de aumento no número de alunos e a ausência de funcionamento integral das escolas, apesar dos recursos dobrados, sugerem uma aplicação questionável dessas verbas. Parece claro que os recursos estão sendo desviados para tentar garantir a reeleição, em vez de promover melhorias reais na educação, perpetuando assim o descaso com o futuro das crianças e adolescentes do município.
Durante a recente visita do governador a Mirangaba, o prefeito solicitou em seu discurso a construção de uma nova escola com 10 salas para a implantação da educação integral. No entanto, tal pedido levanta sérias dúvidas, visto que, segundo a portaria da Secretaria Municipal e os dados do censo escolar, as escolas já deveriam estar funcionando em período integral. Essa contradição evidencia uma desconexão entre as declarações oficiais e a realidade.
A preocupação com novas obras parece ser uma tentativa de desviar a atenção dos problemas atuais, como a aplicação inadequada dos recursos destinados à educação. Professores e alunos continuam a enfrentar condições precárias, e os recursos não estão sendo devidamente aplicados para melhorar a qualidade do ensino. A solicitação de novas construções, portanto, soa como uma manobra política, desconsiderando a urgência de resolver os problemas estruturais e operacionais que já afetam a educação no município. Isso sugere um descaso com a efetiva implementação de políticas educacionais que realmente beneficiem a comunidade escolar.
Outro ponto crítico é a realização da reforma da escola de Umbiguda durante o período letivo, estamos em junho de 2024 e até o presente momento a escola encontra-se inutilizada, o que prejudica as aulas e compromete o aprendizado dos alunos do EJA bem como a qualidade do ensino. Essas ações indicam uma falta de planejamento e desprezo pelos princípios da administração publica, a LIMPE, que deveria nortear as políticas públicas educacionais.
O transporte escolar é um exemplo alarmante de desperdício de recursos públicos, com contratos de valores exorbitantes, favorecendo correligionários e pré candidatos da sua base policita. A execução dessas atividades está repleta de irregularidades e descaso, especialmente no que diz respeito à manutenção dos veículos próprios. Um exemplo emblemático é o ônibus escolar que virou na região de Canabrava e ainda se encontra abandonado no Bairro de Jacobina 2, em outro Municipio. Este e outros veículos que demoram a ser consertados ilustram a falta de responsabilidade e a má gestão dos recursos públicos destinados ao transporte escolar.
Além disso, a gestão atual tem direcionado recursos de forma inadequada, favorecendo correligionários através de contratos com empresas de fachada ("laranjas"). Esse indicio de desvio de recursos poderia ser revertido em investimentos que realmente garantissem uma educação de qualidade e uma melhor qualidade de vida para a população de Mirangaba.
Se não fosse o desperdício de recursos públicos em favorecimentos proprio e de seus correligionários políticos e contratações irregulares, o município poderia investir adequadamente na infraestrutura das escolas, na capacitação dos profissionais da educação e na implementação efetiva do ensino integral. A educação deve ser tratada com a seriedade e o comprometimento que merece, assegurando a todas as crianças e adolescentes de Mirangaba o direito a uma educação de qualidade, conforme preconizam as leis vigentes.
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